domingo, 23 de outubro de 2011

Encruzilhadas do Destino


Flertamos a noite inteira. Entre olhares e risos, sempre um flerte. Nada mais do que isso. Não passou disso. Para minha infelicidade, devo dizer. Quantas vezes, em uma festa, você se depara com uma garota que lhe prende a atenção? Mas não apenas prender-lhe a atenção, é desejá-la, de tal forma que nem mesmo uma única noite seja salva de tantas loucuras. Talvez eu soubesse que não a veria mais, talvez, por isso, não passamos dos flertes. Mas, pelo menos, eu teria mais histórias para contar. A história da noite que eu conheci, apaixonei-me, aventurei-me, e perdi a garota dos meus sonhos.
Dessa vez, no final da noite, voltava para casa sem histórias para contar. Acho que nunca fiquei tão decepcionado comigo mesmo. Não sei o seu nome, só sei que seus olhos não me saem da mente, seus gestos, como uma simples jogada de cabelo, fizeram da noite algo que valesse a pena eu olhar.
Sinto a leve diferença entre ela e todas as outras garotas da festa. Ela fez de tudo para passar despercebida, e as outras o inverso. Talvez só por isso eu tenha olhado, e isso fez com que eu me apaixonasse perdidamente por ela. O vestido curto, branco, o cabelo ondulado jogado nas costas, o batom claro. Eu decorei cada mínimo detalhe da fisionomia daquela imagem da perfeição.
Procurei entre todos os amigos de todos os amigos que eu tinha, em todas as redes sociais que eu poderia ter, e não a encontrei. A necessidade de vê-las mais uma única vez era tanta, mas a esperança já não existia.
Tarde da noite, sexta-feira, voltando para casa. Peguei o metrô, sentei-me. O banco vazio do meu lado fora preenchido. Eu ouvia música, e já não ligava muito para o que estava acontecendo ao meu redor. Quando o garoto do meu lado levantou, esbarrou em minhas pernas, eu olhei para ele, instintivamente, ele pedindo desculpas. E nisso eu a vi, sentada do outro lado do metrô. Ela também me viu, sorri para ela, e ela para mim. Nos encontramos e tudo que eu consegui dizer foi…
- Oi
Ela me respondeu, com um simples sorriso torto, encantador. De fato, eu estava perdidamente apaixonado por ela. Quando trocamos os telefones, a minha estação chegou. Ela disse que talvez nunca mais fossemos nos ver, mas eu disse que, até ali, já tinha valido à pena apenas vê-la uma segunda vez.
Saí do metrô. Conversava com ela pelo celular trocando mensagens. Podia até ser a última vez que eu fosse vê-la, mas eu já tinha uma história que me orgulharia contar. Mas eu sei, ainda vou vê-la mais uma vez, e depois outra, e outras. O destino se encarregará de fazermos o cruzamento de nossas vidas na hora certa.

Dedico esse conto para Wanna Évelyn ;*