E ele escrevia cartas e mais cartas, sem destinatários, apenas escrevia. Sem sentido, e sem nenhum motivo em especial. Todas elas cartas de amor, para todos os tipos de situação e momentos, horas e conveniências, nunca chegou a mandar nenhuma delas, mas era meio que impossível se imaginar sem sentir o prazer de dizer que amava alguém. As guardava sem motivo algum, mas tinha a esperança de algum dia precisar enviá-las.
Ele não era como um príncipe encantado, não era alto, forte. Era um simples garoto, com dezessete anos de olhos castanhos e pele clara e o cabelo loiro. Ele era tímido. Passou a vida inteira vendo filmes românticos que terminavam sempre em um final feliz, e desde esses tempos ansiava por um dia que ele também teria o dele. Sonhava em ter em seus braços uma garota, que apenas o amasse.
O romance entre a garota e o garoto, não tinha como dar certo. Mas no começo, deu. Eles eram lindos juntos, um casal como ninguém nunca antes havia visto, em Lugar Nenhum. Até que veio a primeira vez que ela ousou dizer eu te amo. O sorriso deixou os lábios do garoto, que ansiava por toda uma vida uma oportunidade como esta. Ele sorriu e disse apenas que também a amava.
Chegou em casa, horas depois, se remoendo pela fatídica frase. Ele olhou no espelho para ver o que estava errado, e felizmente, ou infelizmente, não havia nada. Ele pegou todas as suas cartas, e em uma única noite, rasgou-as e queimou-as. Não havia motivo para tê-las, não era aquilo que era amor. E ele não sentia isso.
Ele sempre quis ser amado, e não conseguiu amar. No dia seguinte, sem coragem, apenas ligou para a garota. Disse-lhe que estava tudo terminado, que não queria vê-la tão cedo, e que ele não a amava. Ela chorou oceanos. E assim ele deu fim ao que ele acreditava ser amor. Ele recuou na primeira, e ele crê que talvez tenha sido a única vez que alguém o tenha amado de verdade.
(Lucas Almeida)
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