sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Lembranças de um Doce Inverno...

O relógio apontava: 01h47min, a mão do garoto repousava em seu cabelo, recém-lavado, com as gotas de água ainda caindo, lentamente. Os olhos esquadrinhavam o céu, negro, sem estrelas, e sem sinal da Lua. Enquanto a outra mão segurava o que restou de uma garrafa de Vodka. O celular jogado na cama vibrava silenciosamente, ele apenas olhava para ele, não tinha a mínima vontade de ver quem ligava. Depois de algum tempo, o celular parou, e então começa a tocar uma música lenta, que lhe trazia fortes lembranças do passado.

“Maldita mensagem” disse ele enquanto saia do computador e ia até a cama para ler a mensagem. Bufou quando o celular demorou a mostrar a mensagem, e novamente quando ele viu de quem era a mensagem. Jogou o celular na cama novamente. Não queria mais ter qualquer tipo de ligação com ela. Queria esquecer-se do tempo que sofreu por ela, e que agora ela corria atrás. A sina dele era viver sozinho. Era isso que pensava. Não pretendia mais estar com alguém. Sempre que se apaixonava, sofria. Agora ele queria apenas fechar-se no seu mundo. Mas a vontade de se entregar novamente ao amor foi grande, impulsivamente, ele levantou-se de novo, pegou o celular e leu a maldita mensagem: “Oi, amor. Desculpa ter te ligado assim, tão tarde. Eu só queria saber se você está bem. Dizer que te amo. É que eu estou com saudades. Estou carente de você… Quando a gente vai poder se ver de novo?”

O garoto foi responder a mensagem, mas sentiu, pela primeira vez em muito tempo, que o silêncio falaria melhor do que palavras. De repente, jogou o celular, novamente, na cama. Saiu do seu quarto, e foi até a sala, olhou para a chave do carro de seu pai, e espontaneamente tomado pela decisão, que julgava ser mais idiota a qual poderia tomar, pegou-lhe nas mãos.  Ele podia ter sido o mais idiota antes, mas agora ele homericamente seria o idiota. Entretanto, ele sorriu com essa possibilidade. Faltavam pouco mais de dois meses para fazer dezoito anos, e ele já sabia dirigir. Seu pai não daria falta do carro, só acordaria às nove horas…

E assim, o seu impulso idiota, o fez pegar o carro. Seguiu pelas ruas, andando cuidadosamente para não chamar atenção. Parou o carro a frente da casa da garota. Olhou para o segundo andar, a janela do quarto dela estava aberta, a luz apagada, mas o reflexo da tela do computador iluminava, fracamente, o local. Ele percebeu, foi pegar o celular, mas percebeu que havia esquecido jogado em cima da cama. Se voltasse para casa para pegá-lo, não teria coragem para voltar, e reassumiria o seu franco e gélido coração.

Em dúvida sobre o que fazer, tamborilando os dedos sobre o volante. Quando já ia desistindo, ligou o motor do carro, o ronco do mesmo o fez assustar, estava subitamente mais alto do que antes. Talvez fosse apenas a sensação, mas fato é que. Com tamanho o susto, bateu a mão no porta-luvas, que o fez abrir e cair o celular do pai.

Ao olhar para ele o relógio acusava: 02h58min, e assim ele pegou, digitou o número do celular da garota, e com a voz, um pouco rouca, mas nenhum pouco sexy, disse “Olhe pela janela.”

A garota olhou, e deixou escapar algumas poucas lágrimas de felicidade. Desceu as escadas, e quando abriu a porta, o garoto estava lá, beijando-a ardentemente, assim que houve oportunidade.

(Lucas Almeida)

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