quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Nosso Amor por certo só deu certo, porque foi sempre Errado

E ele escrevia cartas e mais cartas, sem destinatários, apenas escrevia. Sem sentido, e sem nenhum motivo em especial. Todas elas cartas de amor, para todos os tipos de situação e momentos, horas e conveniências, nunca chegou a mandar nenhuma delas, mas era meio que impossível se imaginar sem sentir o prazer de dizer que amava alguém. As guardava sem motivo algum, mas tinha a esperança de algum dia precisar enviá-las.

Ele não era como um príncipe encantado, não era alto, forte. Era um simples garoto, com dezessete anos de olhos castanhos e pele clara e o cabelo loiro. Ele era tímido. Passou a vida inteira vendo filmes românticos que terminavam sempre em um final feliz, e desde esses tempos ansiava por um dia que ele também teria o dele. Sonhava em ter em seus braços uma garota, que apenas o amasse.

Mas como em toda história da vida real, nunca acaba bem. Ele se apaixonou. Uma garota, qualquer, de um tal Lugar Nenhum. Ela sorria para ele, como se tudo fosse possível com ele ao seu lado, e ele retribuía o sorriso. Ela se derretia.


O romance entre a garota e o garoto, não tinha como dar certo.  Mas no começo, deu. Eles eram lindos juntos, um casal como ninguém nunca antes havia visto, em Lugar Nenhum. Até que veio a primeira vez que ela ousou dizer eu te amo. O sorriso deixou os lábios do garoto, que ansiava por toda uma vida uma oportunidade como esta. Ele sorriu e disse apenas que também a amava.

Chegou em casa, horas depois, se remoendo pela fatídica frase. Ele olhou no espelho para ver o que estava errado, e felizmente, ou infelizmente, não havia nada. Ele pegou todas as suas cartas, e em uma única noite, rasgou-as e queimou-as. Não havia motivo para tê-las, não era aquilo que era amor. E ele não sentia isso.

Ele sempre quis ser amado, e não conseguiu amar. No dia seguinte, sem coragem, apenas ligou para a garota. Disse-lhe que estava tudo terminado, que não queria vê-la tão cedo, e que ele não a amava. Ela chorou oceanos. E assim ele deu fim ao que ele acreditava ser amor. Ele recuou na primeira, e ele crê que talvez tenha sido a única vez que alguém o tenha amado de verdade.

(Lucas Almeida)

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